Sobre as demissões da Administração e dirigentes do Hospital São João

A notícia da demissão da Administração e dirigentes do Hospital de S. João só pode surpreender quem não esteja atento à degradação das relações do Ministério da Saúde com os profissionais das diferentes classes e à destruição progressiva do Serviço Nacional de Saúde.
A reorganização hospitalar prevista em Portaria recentemente publicada, feita contra os pareceres dos interessados, sem suporte técnico sustentável e contra os interesses das populações, é uma imagem de marca de um ministério e de um governo que só se preocupam com os números, a cortar naqueles que mais têm sofrido, e não levam em consideração os prejuízos que causam, mesmo em termos do direito à Saúde consignado na Constituição da República tão ofendida e vilipendiada por sucessivos governos do PS, PSD e CDS-PP.
A realidade vivida no Hospital São João e no conjunto do Serviço Nacional de Saúde tem como traços dominantes a degradação da qualidade dos serviços prestados em grande parte pela falta de meios materiais; os profissionais de saúde são atingidos nos seus direitos de forma violenta; os hospitais não são contemplados com as verbas indispensáveis ao seu funcionamento e é privilegiada a discricionariedade.
O ministério, tal como todo o governo, pratica uma política contrária aos interesses da população e do país, centralista, desprezando as opiniões dos profissionais e as reclamações dos doentes.
Independentemente de posicionamentos e opiniões diversas quanto a opções e questões concretas da gestão do Hospital de S. João, o que hoje aconteceu é apenas um indício do que pode suceder se este rumo de desastre não tiver fim.
Por isso, é urgente, cada vez mais urgente, a defesa do SNS, conquista de Abril que a Constituição da República abraça, o que é incompatível com a manutenção em funções deste governo.
Porto, 19 de Junho de 2014
O Gabinete de Imprensa da DORP do PCP

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