Vale de Massarelos: dos “Caminhos do Romântico” ao impacto do Metro

 

O engº. Rui Sá, Vereador da Câmara Municipal do Porto e candidato da CDU à sua Presidência, acompanhado de diversos eleitos na Assembleia Municipal e na Assembleia de Freguesia de Massarelos, deslocou-se hoje aos designados Caminhos do Romântico (parte Nascente), com o objectivo de contactar com a população, constatar o estado de conservação dos espaços públicos e analisar, no terreno, os impactos da construção da linha de metro entre a estação de S. Bento e Matosinhos Sul (a designada “linha do Campo Alegre”).

Relativamente ao estado de conservação dos Caminhos do Romântico, a situação é extremamente preocupante. Recuperados no âmbito da Porto 2001 – Capital Europeia da Cultura, estes arruamentos encontram-se extremamente degradados, todos grafitados, sujos, com candeeiros de iluminação pública desactivados, com mato extremamente elevado a crescer nos pavimentos, com as placas explicativas do significado dos locais e dos percursos todas deterioradas e imperceptíveis, com lavadouros públicos a servir de casa a sem abrigo, com contentores e ecopontos cheios a abarrotar e mal cheirosos. Por outro lado, o património edificado encontra-se extremamente deteriorado e devoluto (particularmente no designado Campo do Rou), ao mesmo tempo que se constata o estado de degradação a que chegou, novamente, a Alameda de Basílio Teles, na marginal, que deixou de ser um espaço verde aprazível transformando-se, novamente, num “terreiro” onde estacionam (e se atolam) as viaturas que, servindo-se da avaria (muitas vezes provocada) dos mecos accionados pelos carros eléctricos, ocupam o espaço como parque de apoio às discotecas existentes nas proximidades.

É vergonhoso este estado de incúria e degradação em espaços e percursos cuja recuperação custou centenas de milhares de euros ao erário público e que, não obstante esta situação, continuam a ser percorridos diariamente por inúmeros turistas que, para além das vistas soberbas sobre o Douro e a tipicidade de caminhos rurais em plena Cidade, levam a imagem de uma cidade descuidada, suja e pouco interessada na recuperação e manutenção do seu património.

É ainda lamentável que a maioria PSD/CDS na Câmara Municipal do Porto, não obstante os diversos compromissos públicos assumidos sobre a recuperação destes percursos, continue a nada fazer.

Por outro lado, e confrontando, no local, os desenhos apresentados em reunião da Câmara aquando da discussão da designada linha do Campo Alegre, pôde-se constatar o impacto negativo que a construção desta linha pode ter no designado vale de Massarelos. De facto, e de acordo com esses desenhos, o metro, que vem enterrado desde S. Bento, sairá à superfície pouco abaixo do parque de estacionamento de Vilar, atravessando, em viaduto, todos este vale, passando por cima da Rua D. Pedro V, até se enterrar, novamente, do outro lado, pouco a Sul da residência universitária existente no local.

Esta proposta de atravessamento, destrói, completamente, o ambiente que se vive no local, criando uma rotura com a paisagem e o ambiente que lá se vive, fazendo com que o metro passe por cima de um aglomerado habitacional densamente ocupado (sem que as populações afectadas lucrem com o facto ao nível de transportes, dado que as estações projectadas se situam na Rua D. Manuel II, junto ao Palácio de Cristal e nos terrenos adjacentes à Faculdade de Arquitectura.

A CDU considera inadmissível estas situações, razão pela qual as vai abordar na próxima reunião da Câmara, onde para além de propor medidas imediatas de intervenção na requalificação do espaço público, irá propor a imediata criação de uma comissão de acompanhamento da forma de atravessamento do vale de Massarelos pelo Metro do Porto, na certeza de que a discussão do traçado e do enterramento, ou não do metro na zona do Campo Alegre não pode servir para “esconder” a destruição de um dos mais belos vales do Porto.

Porto, 11 de Julho de 2009

A CDU – Coligação Democrática Unitária da Cidade do Porto

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