Passeio das Mulheres – CDU do Porto: Jornada de Convívio e de Festa

Pelo décimo nono ano consecutivo a Coligação Democrática Unitária organizou e levou a cabo o Passeio das Mulheres.

Desde bem cedo que, no domingo passado, transportados por autocarros, a partir do Porto, centenas de mulheres e homens, crianças, jovens e menos jovens, foram reunir-se aos muitos outros que, por transporte próprio, ou por viverem nas imediações do destino dessa manhã, decidiram participar numa iniciativa que, por direito próprio, é já uma tradição incontornável.

O local escolhido para este ano foi a praia fluvial de Vila de Rei, uma zona de lazer que muito agradou às centenas de camaradas e amigos que ali se deslocaram, quer pela beleza natural envolvente, quer pelas infra-estruturas ali disponíveis, realçando-se, entre estas, a piscina contígua ao parque de merendas, que foi imediatamente desfrutada, sobretudo pelas gerações mais novas, fruto do sol quente que se sentia aquando da chegada a Vila de Rei. Outros, também para também amenizar a temperatura que se fazia sentir, deram preferência às águas do rio Douro, que correm mesmo ali ao lado. Estas incursões aquáticas foram sabiamente precedidas, na mensagem de boas vindas, amplificada a partir do palco montado para a iniciativa, com os devidos avisos para que se mantivesse a cautela, sobretudo para com os mais pequenos.

Muitos foram, à chegada, os cumprimentos trocados entre os camaradas e amigos presentes, as conversas iniciadas e, sobretudo, a boa disposição e camaradagem de todos.

Por todo lado se desembrulhavam alimentos, se abriam recipientes, acendiam-se fogareiros e estendiam-se toalhas nas mesas do parque de merendas. Entendido que estava chegada a hora do almoço, circulavam de mesa para mesa, e de camarada para camarada, as habituais ofertas típicas destas andanças. Repetidamente ouvia-se: “Prova lá disto!”, “Vai um rissol?”, “E uma fatia de bola?”, “Prova deste vinho!”.

Além das muitas sobremesas trazidas de casa, marcaram também presença, um pouco por todo o lado, as cerejas oriundas e típicas da região, que eram vendidas logo ali ao lado do parque de merendas, realçando-se que, além do elogio pela qualidade, desencadearam também, pelo preço a que foram compradas, diversos comentários acerca do brutal aumento do custo dos alimentos a que os portugueses têm estado sujeitos.

Tudo se passava num ambiente de festa, excelente disposição e animação.

Como exemplo da alegria e vivacidade constantes pode referir-se um grupo de camaradas que, subitamente, começaram a cantar em coro, logo acompanhados por um bombo que, também de repente, ali surgiu. Desde cantigas populares até ao “Avante Camarada”, intercalados por sonoros “PCP” e ” ASSIM SE VÊ A FORÇA DO PC”, atraíram quem por ali passava e ninguém resistiu, mesmo que só por alguns minutos, a juntar-se àquela manifestação de camaradagem.

Por volta das 14 horas foi anunciado que se iria iniciar o baile, logo juntando muitas dezenas de camaradas em frente ao palco, aos quais, pouco mais tarde, se juntaram outras tantas dezenas, à medida que terminavam as suas refeições ou o pequeno descanso que se seguiu àquelas.

Entre a piscina e o parque de merendas decorreram os também já habituais jogos tradicionais como as corridas de sacos e as corridas da batata onde, fundamentalmente os mais novos se divertiam participando, enquanto que os mais velhos riam e incentivavam calorosamente os participantes.

Foi este ambiente de festa que o Secretário-geral do Partido Comunista Português, Jerónimo de Sousa, encontrou à sua chegada, quando passavam alguns minutos das três da tarde. Também a receber o Secretário-Geral do PCP estava o Presidente da Câmara Municipal de Resende que fez questão de apresentar os seus cumprimentos ao PCP pela sua iniciativa e que disponibilizou vários meios e equipamentos da autarquia que contribuíram para o seu êxito. Ao calor humano e à camaradagem transmitida por muitos camaradas e amigos na sua recepção, Jerónimo de Sousa retribuiu com uma satisfação bem patente nas suas expressões e na forma, também ela calorosa, como cumprimentava os seus camaradas e amigos, enquanto lhe ia sendo mostrado o espaço escolhido para aquela iniciativa. Espaço esse ao qual, mais tarde, na sua intervenção, o Secretário-geral do PCP se referiria como “muito bem escolhido” quer pela sua “beleza”, quer pelas actividades de lazer e convívio que proporcionou.

Passava meia hora das quatro da tarde quando se deu início ao comício, tendo sido chamados ao palco a comissão das mulheres da CDU, uma delegação da Direcção da Organização Regional de Viseu e da Direcção da Organização da Cidade do Porto e o Secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa.

Ana Regina Vieira iniciou o comício saudando “todos os camaradas e amigos” presentes e cumprimentando a comissão organizadora do Passeio das Mulheres pela concretização daquela iniciativa pelo décimo nono ano consecutivo. Relembrou que acontecerá no próximo ano a vigésima realização desta iniciativa que não será “um mero piquenique, um mero convívio, mas sim a marca de vinte anos em que as mulheres CDU do Porto se juntam à luta de todas as mulheres em defesa e promoção dos seus direitos, pela verdadeira igualdade no plano social, económico, político e cultural, e contra todas as formas de opressão, discriminação e violência.”

Seguiu-se Belmiro Magalhães que considerou que o Passeio da Mulheres CDU “pela dimensão, pelo convívio, pela agregação de tanta e tanta gente diferente” é uma “das maiores iniciativas políticas realizadas pelo Porto”.

Referindo-se à situação política, quer do Porto, quer do País, este dirigente do PCP afirmou que o presidente de câmara daquela cidade e o primeiro-ministro do país, ” sintonizados nas questões essenciais”, “não dão tréguas aos direitos das populações e dos trabalhadores”. Dando como exemplo refere, relativamente à câmara do Porto, “a forma como maltrata os mais de 3000 trabalhadores da autarquia”. Ainda retratando a sintonia existente, referiu Belmiro Magalhães a conivência da autarquia “no encerramento dos serviços públicos” e a preparação da “entrega do Aeroporto do Porto a privados” levada a cabo pelo Governo e pela Junta Metropolitana.

Referindo-se a um dos “principais problemas” do Porto, a habitação, Belmiro Magalhães acusa a câmara de ter procedido, por um lado, a “aumentos abruptos e ilegais, em alguns casos em mais de 500%”, e por outro, à desresponsabilização daquela autarquia nas obras interiores daquelas habitações.

Relembrou ainda, este dirigente do PCP, a iminência das portagens nas SCUT’s, os salários de cargos ligados à autarquia que “ultrapassam todos os máximos legais impostos para regular os vencimentos públicos” e a senda privatizadora dos espaços e serviços da autarquia, como o são “os serviços de limpeza, o Mercado do Bolhão, o Mercado Ferreira Borges, o Pavilhão Rosa Mota, o Palácio do Freixo e do Teatro Rivoli”.

Terminou afirmando que “A única oposição a sério, presente nas pequenas e nas grandes lutas, com um trabalho de quantidade e de qualidade, é o PCP, é a CDU”.

Jerónimo de Sousa iniciou a sua intervenção cumprimentando calorosamente as “mulheres do Porto que nunca desistem das suas lutas” considerando o seu exemplo como um “incentivo”.

Referindo-se à situação política nacional, o secretário-geral do PCP afirmou que, com este governo PS, o país “está mais injusto, mais endividado e mais dependente do exterior”. Manifestando enorme preocupação com a situação de desemprego no país, que durante a campanha o PS prometeu combater, Jerónimo de Sousa refere que a situação não se torna ainda mais grave do que já é “porque milhares de portugueses voltaram a agarrar no saco para voltar a partir para o estrangeiro procurando o que a sua pátria lhes nega”. Para o Secretário-geral do PCP é claro que “este governo falhou”.

Preocupações acrescidas com a situação dos jovens, nomeadamente os recém licenciados que, “ou não encontram emprego ou encontram emprego precário”, impedindo-os esta situação de “construir a própria vida”. O secretário-geral do PCP, referindo-se aos baixos salários, afirmou que “não é por acaso que uma estatística diz que um terço dos 20 por cento de pobres ou pessoas em risco de o ser, são trabalhadores”.

Referindo-se à desresponsabilização por parte do governo, Jerónimo de Sousa disse que o argumento de que “a culpa é do estrangeiro, a crise vem de fora” não pode servir de desculpa, relembrando que as politicas neo liberais deste governo, são iguais às daqueles países “de onde vem a crise”, questionando como é que o governo PS “exige tantos sacrifícios à maioria da população, quando uma nata de senhores continua a viver à grande e a francesa e à acumular lucros” referindo-se, nomeadamente, à banca e aos sectores financeiros.

Por tudo isto afirmou que a “crítica muito forte a Sócrates” não é feita “porque ele tenha mau feitio ou porque às vezes age como um birrento, mas por causa da sua política, que atinge quem menos tem e menos pode”, e caracterizou a actuação deste governo que é feita “em nome da esquerda, mas com uma política de direita”.

Jerónimo de Sousa reafirmou que a “alternativa é a CDU”, “propondo uma ruptura” com a política actual, por uma “política que pense no povo e nos que menos têm”.

Enalteceu ainda a justeza das lutas sociais, nomeadamente as manifestações que se têm assistido no país, lembrando que “este é o caminho, o caminho é a luta”, e dizendo que: “confiança e determinação não nos tiram!”.

Esta iniciativa continuou com visível satisfação por parte dos camaradas e amigos presentes, com dezenas de bandeiras vermelhas levantadas, enquanto se cantava o “Avante Camarada” e a “Internacional”, entre vivas à CDU e ao PCP.

Essa satisfação era ainda perceptível quando cerca das sete da tarde se começaram a fazer os preparativos para o regresso a casa. À despedida da praia fluvial de Vila de Rei, dizia um dos camaradas presentes, enquanto se dirigia ao transporte que ali o trouxera: A luta continua!

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