O rei vai nu na proposta de concessão do Coliseu do Porto

É sabido que toda a operação tendente à concessão do Coliseu do Porto se baseou na “incapacidade” da Associação de Amigos do Coliseu e, designadamente, dos seus Associados Estado, Município do Porto e Área Metropolitana do Porto, conseguirem garantir as verbas para pagar as obras de reabilitação do edifício, cujo valor foi publicamente apresentado como sendo de 8,5 milhões de euros.

No entanto, na proposta agora apresentada por esses mesmos Sócios aos associados da Associação de Amigos do Coliseu, há uma nuance: primeiro propõe-se mandatar a Direcção para avançar com um concurso de concessão; conseguido esse objectivo, propõe-se mandatar a Direcção para solicitar a revisão do “estudo de diagnóstico e metodologia de intervenção para a reabilitação do Coliseu do Porto”, ao Senhor Professor Eng.º Vasco Peixoto de Freitas, de forma a adequá-lo à nova pretensão da Associação, isto é, cingindo-o às intervenções estritamente necessárias à “irradicação (sic) das patologias que possam pôr em causa o normal funcionamento da sala, num futuro semelhante à do período de concessão em causa e retirando do plano de custos tudo aquilo que possa constituir uma opção de intervenção para o futuro concessionário”.

Ou seja, primeiro avançou-se com o valor de 8,5 milhões de euros de investimento necessário para fundamentar a impossibilidade de a Associação e os seus Associados garantirem a respectiva cobertura, “justificando” desse modo a proposta de concessão. Alcançado esse objectivo, propõe-se a revisão do plano de obras, reduzindo o seu custo!

Porque não foi feito este pedido antes de se apresentar a proposta de concessão? Porque não foram divulgados estes números antes de se consultarem os diferentes órgãos e instituições ouvidas sobre esta matéria?

Para a CDU parece cada vez mais evidente que o objectivo sempre foi a concessão e que o estudo agora apresentado (convém, aliás, perguntar quando foi o mesmo, nas suas diferentes versões, entregue à Associação…) está a ser utilizado para manipular a opinião pública (à semelhança do que aconteceu com o pavilhão Rosa Mota, onde apenas o contrato de naming serviu para pagar o investimento na reabilitação do pavilhão (!).

A CDU não pode deixar de lamentar esta opacidade por parte de órgãos que têm obrigações de transparência e tudo fará para tentar reverter esta decisão de concessão do Coliseu do Porto

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