A Assembleia Geral da Associação de Amigos do Coliseu, convocada de emergência, em período de quarentena

Ontem, dia 13 de Março, realizou-se a Assembleia Geral da Associação de Amigos do Coliseu do Porto. Uma Assembleia em que à entrada era exigida, por funcionária munida de máscara e luvas, a resposta a um conjunto de perguntas, como se tinham estado em Felgueiras, Lousada, Itália, se tinham tosse ou outros sintomas do COVID-19 – não se sabendo o que aconteceria no caso de alguma resposta afirmativa!…
Nesta Assembleia esteve, em representação da AECOD, Associação de Eleitos Comunistas e outros Democratas, Rui Sá, eleito da CDU na Assembleia Municipal do Porto.
Rui Sá, antes do início da ordem de trabalhos, requereu imediatamente a suspensão da Assembleia, invocando que, perante a importância do assunto que pretendiam votar na mesma- a concessão do Coliseu – a mesma não devia ser realizada num momento em que os seus Associados podem muito provavelmente ter constrangimentos que lhes impede esta participação, pela situação de emergência relativa ao COVID-19, e numa altura em que o governo tinha acabado de decretar o estado de emergência e a Câmara Municipal do Porto tinha anunciado um conjunto de medidas que passavam pelo encerramento de serviços, jardins públicos, parques infantis, praias e parques de estacionamento (que se juntavam aos já anunciados cancelamentos de eventos e salas de espectáculos .
O Governo, o município do Porto e a Área Metropolitana do Porto forçaram a realização da assembleia, num ambiente surreal, com todos os funcionários de apoio de luvas e de máscaras, tal como diversos associados, insistindo em votar uma decisão desta importância neste contexto, aproveitando a situação para procurar evitar a presença de uma boa parte dos Associados.
Ao mesmo tempo que procurou que a decisão fosse tomada antes de se conhecerem os resultados (anunciados pelo Presidente da Direcção cessante da Associação, que esteve presente, como positivos e avultados) de 2019, evitando, do mesmo modo, que este os possa apresentar nessa qualidade na assembleia que, estatutariamente, se deverá realizar até ao final de Março – mas que a CDU, em coerência com a proposta que ontem defendeu, espera que venha a ser adiada.
O representante da AECOD teve a oportunidade de, na Assembleia, denunciar que, mais uma vez, a proposta apresentada pelo Governo, pela Câmara Municipal do Porto e pela Área Metropolitana do Porto não se baseia em nenhuma inevitabilidade, antes correspondendo a uma opção ideológica de defesa de concessões a grupos privados, ao mesmo tempo que a uma desresponsabilização destes organismos públicos pelo funcionamento desta emblemática sala de espectáculos da cidade. Tendo demonstrado que havia diversas outras alternativas para o financiamento das obras (mantendo o Coliseu sob a gestão directa da Associação de Amigos e recorrendo a diversas e possíveis fontes de financiamento, designadamente de fundos comunitários). Ao mesmo tempo que denunciou eu a proposta apresentada pelos três associados institucionais era opaca e constituía um “tiro no escuro”, na medida em que ninguém, na sala, conseguia determinar qual o valor do investimento a efectivamente realizar e, consequentemente, a apresentar propostas tendo em conta esse dado concreto.
Refira-se que todos os associados que tomaram a palavra nesta assembleia manifestaram as suas críticas e reservas a esta proposta (que, na prática, significa, também, o esvaziamento da Associação de Amigos do Coliseu!), sendo de lamentar, no entanto, que dos associados colectivos presentes apenas a AECOD votou contra a mesma.
A CDU condena a falta de transparência em todo este processo, condena o ardiloso plano de tentar passar a concessão despercebida à maioria do povo do Porto. Realizar-se esta Assembleia nas actuais circunstâncias revelou uma pressa suspeita em concessionar o Coliseu e demonstrou uma falta de respeito por todos que em tempos tiveram um papel importante na sua defesa e pelos portuenses.

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