Passeio das Mulheres CDU/Porto: 24.ª jornada de convívio e luta

No passado domingo, dia 6 de Julho, realizou-se mais uma edição do Passeio das Mulheres CDU que desta vez teve lugar em Vila Pouca de Aguiar, no distrito de Vila Real. Participaram nesta iniciativa largas centenas de pessoas vindas de diferentes freguesias da cidade do Porto e de outros pontos do distrito.

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O Passeio das Mulheres CDU, pelas suas características de envolvimento, alargamento e popularidade, chega a um conjunto de pessoas que de outra forma não teriam contacto com a CDU, com o seu projecto e as suas propostas e em muitos casos, durante o ano, este é o único momento em que o têm. Ao longo dos seus já 24 anos, foram muitos aqueles e aquelas que através desta iniciativa se aproximaram do PCP e da CDU e quebraram preconceitos, foram muitos aqueles e aquelas que num ano participaram como simpatizantes e no ano seguinte já vieram como militantes do PCP. Este é um passeio onde há lugar para todos e onde cada um vai com uma motivação diferente; é um passeio onde cabem os activistas e simpatizantes da CDU, os militantes e amigos do PCP, os amigos dos amigos destes, os que não têm partido, os que estão connosco e até aqueles que participam mais pela animação e pelo convívio.

Embora o Passeio tenha no seu nome uma origem mais ligada às mulheres CDU, a verdade é que actualmente o passeio não é só de mulheres, é muito mais alargado.

É um passeio de mulheres, de homens, de jovens, de crianças, de todos aqueles que nele queiram participar. Embora a cada ano participe gente nova e seja verdade que pelas suas características é uma iniciativa que tem potencial para alargar, o legado do Passeio é um legado familiar e de tradição. É um passeio onde começaram a participar os que foram pais, hoje são avós e trazem consigo os seus filhos e netos, um passeio de famílias, muitas das quais se conhecem de outras edições e que, ano após ano, se alargam, aumentam e trazem outros consigo. É já uma tradição participar no Passeio, que todos sabem de antemão que sempre se realiza no primeiro fim-de-semana de Julho, faça sol ou chuva. De ano para ano, a palavra espalha-se e é sobretudo através dela e de quem a passa, do «boca a boca», que a divulgação deste Passeio se faz entre conhecidos, os de sempre, os que vão aparecendo e os que nunca vieram mas são convidados a vir, nas freguesias, nos bairros, nos cafés e nos locais de trabalho.

Este é portanto um Passeio do povo e para o povo, uma iniciativa política única ao nível do Partido, assumida pela organização da Cidade do Porto, que envolve todos os anos pessoas de outros quadrantes políticos e sociais, num espírito de festa e convívio fraterno. Trata-se de uma iniciativa que pela dimensão, pelo conteúdo, pela animação, pelo convívio, pela agregação de tanta gente e de tanta gente diferente é, sem qualquer dúvida, uma das maiores iniciativas políticas realizadas ao nível do distrito do Porto, que já se tornou uma referência.

Esclarecer e mobilizar

Reforçando laços de amizade e de camaradagem, iniciativas como esta são a prova da abertura do PCP a todos os que com ele quiserem lutar por mais justiça e progresso social, sendo também uma oportunidade de esclarecer e mobilizar todos os que nos acompanham para a necessidade de se alargar a unidade de acção contra as políticas de direita no plano local e nacional.

Em 24 anos, muitos foram os locais escolhidos para a realização do Passeio das Mulheres CDU, nomeadamente Arcos de Valdevez, Vilar de Mouros, Vila Nova de Cerveira, Vila Pouca de Aguiar, Braga, Amarante, Esposende, Ponte da Barca, Coimbra, Cantanhede, Resende, entre outros. Este ano o destino foi Vila Pouca de Aguiar e como é hábito o Passeio voltou a reflectir a fraternidade, a solidariedade e a alegria que é característica das iniciativas da CDU e de quem luta e exige uma política patriótica e de esquerda como sendo a única que serve os interesses do povo e dos trabalhadores.

Ao longo do dia, todos conviveram e se divertiram num Passeio que parecia ameaçado pelo mau tempo com que foram brindados todos os participantes, aquando da chegada ao local. Mas as horas foram passando e o tempo foi amainando, chegando mesmo o sol a brilhar durante a tarde. Nas diferentes mesas que se estendiam na relva ou na relva e nas pedras que já eram mesas e cadeiras, cada um à sua maneira ia dispondo a merenda, transformando todo o espaço num enorme banquete com todo o tipo de iguarias. E enquanto uns comiam, outros descansavam; enquanto uns conviviam, de pé, à mesa ou sentados, outros dançavam ao som da música popular que durante todo o dia animou a iniciativa. Dos mais novos aos mais velhos, em família ou em camaradagem, todos confluíram no terreno de terra batida e erva, feito palco de dança e da boa disposição.

O momento alto do Passeio foi o comício, que se realiza sempre de tarde, e que contou uma vez mais com a presença do Secretario-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, recebido de forma calorosa, animada e enérgica pelos presentes. Este comício assume especial relevância como forma de comunicação e de transmissão da visão, opinião e propostas do PCP e da CDU a um conjunto largo de pessoas, que de outra forma não seria possível dada a não repercussão mediática do Passeio na comunicação social. É um comício que embora aborde questões de política nacional, mais gerais, tem também um carácter local, o que faz todo o sentido já que muitos dos problemas abordados e das questões colocadas fazem parte do dia-a-dia da maioria dos presentes no Passeio.

Usando da palavra na abertura do comício, Mónica Silva, membro da Direcção da Organização da Cidade do Porto do PCP e do Grupo de Trabalho das Mulheres CDU, valorizou o facto de há anos se realizar de forma ininterrupta este Passeio, feito de alegria e festa mas também de luta e combatividade por um país mais justo. Mónica Silva frisou o seu carácter popular e abrangente, já que nele participam as gentes típicas do Porto, bem como as suas especificidades enquanto iniciativa onde coexiste a diversão e animação a par do seu cariz político, reivindicativo e crítico às políticas de direita. Referiu-se ao Passeio como uma iniciativa ímpar no panorama regional e nacional, pela dimensão e ambiente, pela sua história a caminho dos 25 anos e pela ligação à realidade social do Porto.

De seguida, Pedro Carvalho, vereador da CDU na Câmara Municipal do Porto, abordou uma série de aspectos ligados à realidade e à política local da cidade do Porto, não sem antes saudar a realização da iniciativa, «festa popular única e rija, que apesar da chuva se fez com alegria e da qual saímos mais fortes para lutar». Numa espécie de balanço pós-eleições autárquicas, Pedro Carvalho lembrou os compromissos que a CDU assumiu na campanha e que agora cumpre, contrariamente aquilo que o PS fez. Há cerca de um ano, em cenário pré-eleitoral, o PS alegava pretender uma «coligação de esquerda» com a CDU. Ora, logo após as eleições, o PS coligou-se à direita, com Rui Moreira/CDS, subscrevendo o seu programa e abdicando dos compromissos que assumiu. O PS deixou cair a máscara e mostrou como eram falsos os seus apelos. Referindo-se à coligação Rui Moreira/CDS/PS, Pedro Carvalho afirmou que para já «é uma continuação do Porto que tínhamos, do legado da coligação PSD/CDS liderada por Rui Rio», dando alguns exemplos de promessas eleitorais que ficaram na gaveta, como a prioridade a dar a Campanhã, que ainda não se vislumbrou, bem como a não revogação do Regulamento de Gestão da Habitação Municipal, cujo processo de revisão entretanto levado a cabo, apesar das propostas apresentadas pela CDU, esteve longe de resultar na conclusão de regras justas e transparentes para a gestão dos bairros municipais. Pedro Carvalho deu também exemplos de continuidade e não de ruptura nas principais opções políticas municipais como o despejo da Seiva Trupe do Teatro do Campo Alegre, a concessão da programação do Teatro Municipal Rivoli e Teatro do Campo Alegre bem como o facto de estarem adiadas decisões estratégicas para o futuro da cidade, no que toca ao Mercado do Bolhão e ao Palácio de Cristal, por exemplo.

Com os trabalhadores e com o povo

A Jerónimo de Sousa coube a intervenção de encerramento do comício onde referiu o bom resultado obtido pela CDU nas recentes eleições para o Parlamento Europeu, como «prova de que é possível dar mais força à CDU, contrariamente ao que muitos querem fazer crer», e a derrota eleitoral da direita «que demonstra que o Governo não corresponde à vontade da maioria dos portugueses». Jerónimo afirmou ainda que embora enfraquecido este Governo tem como objectivo continuar a destruição em curso, conduzindo cada vez mais o nosso País para o caminho do «empobrecimento, da emigração forçada, dos cortes nos salários, reformas e direitos», tendo como única preocupação «salvar bancos e banqueiros».

Referindo-se aos mais recentes desenvolvimentos relacionados com o Banco Espírito Santo, o Secretário-geral do PCP classificou este caso como uma clara demonstração de promiscuidade entre o grande capital e os partidos que se têm alternado no governo, e sublinhou que o PCP não aceitará mais casos de «nacionalização dos prejuízos e privatização do que é rentável», como se verificou com o BPN. O que a realidade comprova, enfatizou, é a justeza da proposta do PCP de nacionalização da banca comercial, que deve ser colocada ao serviço dos portugueses e do desenvolvimento de Portugal.

Jerónimo de Sousa falou igualmente dos serviços públicos, desde «repartições de finanças, escolas, estações dos CTT, tribunais, centros de saúde», entre outros, que têm sofrido um ataque direccionado por parte deste Governo, fazendo notar que as populações é que ficam claramente penalizadas, sobretudo no interior do país. «Mas é possível interromper este caminho de desastre e destruição», afirmou, colocando a tónica na necessidade do desenvolvimento da luta dos trabalhadores e do povo português contra as malfeitorias em curso. E concluiu, confiante, dizendo que «as populações têm muita força e este Governo acabará por ser derrotado, mais tarde ou mais cedo».

O Secretário-Geral do PCP aproveitou ainda para fazer uma referência ao PS – está «mais preocupado com o combate partidário interno, uns contra os outros, do que com o combate a esta política» –, dizendo que o problema do PS «não está nas caras mas nas opções políticas que pratica». Já o «compromisso do PCP é com os trabalhadores e com o povo», sublinhou Jerónimo de Sousa, apelando a todos para que confiem e dêem mais força ao PCP, que «tudo fará para vos defender e lutar pelos vosso interesses».

Texto publicado no Avante! de 10 de Julho de 2014

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