As bibliotecas municipais e a promoção da leitura no Porto

Desde o século XIX, o Porto dispõe de uma biblioteca municipal – Biblioteca Pública Municipal do Porto –, fundada em 1833, mas tornando-se estabelecimento municipal em 1876. Já no início do século XXI foi complementada com a abertura da Biblioteca Municipal Almeida Garrett e, mais tarde, com o chamado Bibliocarro.

Apesar das carências existentes, estes são importantes espaços de cultura, educação, informação e lazer, para pessoas de todas as idades.

Com esta declaração pública a CDU – Coligação Democrática Unitária pretende alertar para insuficiências das opções políticas assumidas pela Câmara do Porto e contribuir para o debate em torno de soluções para a valorização das bibliotecas municipal e a promoção da leitura.

Na Biblioteca Pública Municipal do Porto (BPMP), que ocupa as instalações do antigo Convento de Santo António da Cidade, edifício do século XVIII, com um importante valor patrimonial, recebem-se, através do Depósito Legal, todos os livros, jornais e revistas editados em Portugal. É muito procurada por isso, mas também pelos seus fundos especiais (tesouros bibliográficos nacionais, obras e colecções raras, espólios de escritores…).

Apesar de alguns melhoramentos, falta espaço e melhores condições de acesso. Embora se conheça a delicadeza de aumentar um edifício classificado como imóvel de interesse público, a verdade é que as instalações actuais são escassas e já não conseguem responder de forma eficaz às necessidades existentes, apesar da dedicação e boa vontade de todos quantos ali trabalham.

Há muito que se perspectiva a concretização de obras de conservação do actual edifício e de expansão da biblioteca, mas o projecto ainda não passou do papel. É prioritário concretizar estas obras, sempre salvaguardando o edifício actual, mas conservando-o, aumentando-o e melhorando as condições actuais de funcionamento.

Quanto à Biblioteca Municipal Almeida Garrett (BMAG), trata-se de uma moderna biblioteca de leitura pública onde todos os documentos são disponibilizados em livre acesso. Será possível, contudo, uma maior interacção com a comunidade se, à semelhança de muitas outras cidades da dimensão do Porto, forem criadas pequenas bibliotecas ou pólos da BMAG em bairros sociais e outras zonas populares, estabelecendo uma maior dinâmica na promoção do livro e da leitura, designadamente junto de populações mais carenciadas.

Quanto ao Bibliocarro, que, como se diz no sítio da CMP, “é um serviço de promoção do livro e da leitura itinerante que circula durante o ano letivo pelas escolas do ensino básico que não dispõem de biblioteca e que nas férias escolares visita parques, jardins e praias, encontrando-se disponível a todos os que o queiram conhecer e usufruir dos seus serviços”, é possível dar-lhe também uma maior abrangência, ligando-o durante todo o ano a pequenas bibliotecas a criar em bairros e outras zonas populares, incluindo jardins e colectividades.

Sendo certo que a promoção do livro e da leitura é uma responsabilidade sobretudo do Estado Central, é desejável que a Câmara Municipal do Porto invista mais nesta vertente fundamental da cultura, seja indo ao encontro das pessoas nos seus locais de residência e de lazer, sobretudo das zonas onde há maiores dificuldades de acesso por razões diversas (transportes, económico-sociais ou escassa motivação), criando serviços de leitura de proximidade, seja estabelecendo programas de incentivo, através, por exemplo, de leituras comentadas, de comunidades de leitores, de actividades específicas para diferentes públicos (crianças, adolescentes ou idosos), da participação de artistas que possam apoiar, de diferentes modos, a promoção da leitura (escritores, poetas, músicos, artistas do teatro, da música, das artes plásticas, entre outros).

Estas são algumas propostas que a CDU considera importantes concretizar para a necessária valorização das bibliotecas municipais do Porto e para a promoção da leitura, como partes integrantes de uma política cultural na qual eventos de índole comercial e mediática não sejam o “princípio, o meio e o fim”.

Porto, 5 de Junho de 2017

A CDU – Coligação Democrática Unitária / Cidade do Porto

Participam Ilda Figueiredo, candidata à presidência da Câmara do Porto, Artur Ribeiro, membro da Assembleia Municipal do Porto, e José António Gomes, Escritor e docente do Ensino Superior.

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