PCP reclama reforço de meios para combater toxicodependência

Com a presença dos deputados Bruno Dias e Jorge Machado, acompanhados de outros eleitos comunistas na autarquia portuenses, realizou-se no passado dia 15 de Dezembro um mandato aberto sobre a problemática da toxicodependência no distrito do Porto. Esta acção consistiu na visita a um conjunto diversificado de instituições que trabalham no terreno, permitindo assim aos deputados comunistas conhecer de perto o trabalho que se vem realizando, assim como as suas carências e necessidades mais urgentes, nomeadamente a falta de verbas e de pessoal. Nesta iniciativa foram realizados contactos com o Hospital Joaquim Urbano, o CAT Oriental do Porto, a ARRIMO, Projecto NorteVida, o Serviço de Assistência às Organizações de Maria e a Segurança Social.

Deste mandato aberto saiu ,como principal conclusão, a necessidade de exigir do poder central que cumpra a estratégia nacional contra a toxicodependência, reclamando uma acção articulada e mais meios para o Porto. O PCP defende mais meios materiais e humanos para o combate à toxicodependência no distrito do Porto e compromete-se a apresentar iniciativas, na Assembleia da República, que ajudem a concretizar este objectivo, nomeadamente junto do Ministério da Saúde. À Câmara pede-se que se “entenda” com as instituições que actuam no terreno e com o IDT.

O apelo que deputados do PCP lançaram, ontem, ao Governo vai no sentido de “cumprir a estratégia nacional contra a droga e assumir um trabalho em rede”. E “que o Estado não se demita das suas responsabilidades”, apelou Bruno Dias, do grupo parlamentar do PCP, que irá questionar o Governo, entre outras matérias, sobre a “profunda carência de meios nas instituições do Estado, como o Instituto da Droga e Toxicodependência (IDT). “Havia duas equipas para quatro concelhos, agora são as mesmas para nove”, exemplificou o partido.

O deputado Bruno Dias elogiou, por um lado, “a militância” com que os técnicos actuam no terreno, e, por outro, destacou “a necessidade imperiosa de uma intervenção articulada e pluridisciplinar”, nas vertentes social, da educação e da saúde. Porém, denunciou a “flagrante falta de meios que o Estado destina a esta área” da toxicodependência. Em suma, urge “uma atenção muito diferente por parte do poder central, numa estratégia que deve ser integrada, juntando à mesma mesa os vários intervenientes”. “É profundamente deficitária a capacidade de resposta que existe em matérias como centros de abrigo, integração e acompanhamento”, criticou.

A título de exemplo, António Neto, da Assembleia Municipal, recordou que “o Porto só tem um centro de abrigo, de Vilarinho”, denunciando que a zona oriental não tem a retaguarda necessária para as equipas que estão no terreno. Além disso, referiu que a Arrimo, que intervém sobretudo em Campanhã, alargou o seu trabalho à Zona Histórica mas “falta um espaço de apoio ao trabalho que é feito pelas equipas na rua”.

Ainda para retratar a falta de apoio, Bruno Dias salientou que existem “duas unidades móveis, mobilizadas até agora sem apoio do poder central”, apesar de “convencionadas pelo IDT”.

Já numa articulação com as políticas de saúde, e mais concretamente no combate às doenças infecto-contagiosas, o PCP diz ser necessário “disseminar pelo país e pelos serviços do Estado a experiência do Hospital Joaquim Urbano”. Isto numa altura em que “não estão postos de parte preocupações sobre o futuro” daquela unidade e uma possível integração no Hospital de Santo António.

Também ao nível da inserção profissional dos toxicodependentes, o PCP destaca o “falhanço” do programa nacional do Governo.

Perante o cenário traçado, os deputados comunistas vão dirigir requerimentos ao Governo, questionando o Ministério da Saúde sobre a falta de meios e o da Segurança Social sobre a reinserção.

Quanto à Câmara e ao fim do programa “Porto Feliz”, António Neto diz que a Autarquia “tem de arrepiar caminho”. “É importante que se entenda com o IDT, com as instituições intervenientes, e trabalhem em conjunto”. “Há espaço para a Autarquia intervir e é indispensável que o faça no respeito pelas instituições que estão no terreno”, concluiu.

 

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