Museu da Indústria continua encerrado mais de dois meses após a data prometida para a sua reabertura

 

Em 1993 foi constituída a Associação para o Museu da Ciência e Indústria, que resultou de uma parceria entre a Câmara Municipal do Porto e a então Associação Industrial do Porto (actualmente Associação Empresarial de Portugal).

A Missão desta Associação é o “estudo, conservação e divulgação do património arqueológico-industrial da cidade do Porto e sua envolvente, desde a proto-indústria até à actualidade, procurando valorizar as temáticas relacionadas com o fenómeno da industrialização e as questões relativas ao seu impacto económico, social, urbanístico arquitectónico, antropológico, tecnológico e patrimonial, tornando-se um agente activo na formação e educação dos públicos e da comunidade.

Em 1997, a Associação foi instalada no antigo edifício da Companhia de Moagens Harmonia (o que permitia expor o seu espólio num edifício da história industrial do Porto), onde foi desenvolvendo a sua actividade, quer ao nível do crescimento das suas colecções, quer ao nível da montagem da exposição permanente, quer ao nível de actividades de divulgação, animação e formação, quer ao nível da cedência de espaços para diversas iniciativas.

Em 2005, Rui Rio decidiu englobar as instalações do Museu da Indústria (denominação pela qual é actualmente designado), no negócio que fez com o Grupo Pestana para a instalação de uma Pousada de Portugal no Freixo (que, objectivamente, está instalada na antiga fábrica das Moagens Harmonia, tendo o Palácio do Freixo como edifício de apoio).

A CDU votou sempre contra esta proposta de Rui Rio (que foi chumbada em Fevereiro e Junho de 2005), tendo, entre outros argumentos, considerado que o negócio não salvaguardava o futuro do Museu da Indústria.

Procurando desmentir esse argumento, Rui Rio, ao seu estilo, fez uma visita às instalações do Museu da Indústria (em Fevereiro de 2005), onde procurava chamar a atenção para a degradação (real) das suas instalações e, escamoteando as suas próprias responsabilidades na degradação do espaço, prometia que se a sua proposta viesse a ser aprovada, o Museu viria a ficar melhor instalado. Na altura, no site da Câmara escrevia-se que “enquanto decorressem as obras de requalificação da Fábrica de Moagens Harmonia – onde a Pousada propriamente dita seria criada – Rui Rio apontou o edifício da Alfândega como um dos locais alternativos para a instalação, pelo menos provisória, do Museu da Ciência e Indústria, já que – afirmou – “só com muita imaginação seria possível conseguir colocá-lo em instalações piores do que as actuais””.

Obtida a maioria absoluta, Rui Rio, ainda em 2005, fez aprovar a sua proposta. Na altura, e de acordo com o mesmo site, era dito que “A Câmara do Porto garantirá a reinstalação do Museu da Ciência e Indústria, que se encontra neste momento no edifício das Moagens Harmonia, de modo a que não haja a suspensão da sua actividade“…

Em 26 de Agosto de 2009, a CDU realizou uma conferência de imprensa à porta do espaço onde foi armazenado o espólio do Museu, denunciando o facto de o mesmo continuar encerrado, desafiando Rui Rio a abri-lo em simultâneo com a abertura da Pousada do Freixo e a anunciar publicamente os custos associados ao arrendamento desse espaço.

Na sequência desta denúncia da CDU, a coligação PSD/CDS, pela voz do então Vereador da Cultura, Gonçalo Gonçalves, anunciou que o “Museu vai reabrir ainda este ano [2009].

A verdade é que, quase meio ano passado sobre a denúncia da CDU e mais de dois meses depois do final da (nova) data de reabertura assumida pela coligação PSD/CDS, o Museu continua encerrado! Facto que vem dar, infelizmente, razão à CDU, quando dizia que o negócio de Rui Rio com o grupo Pestana não acautelava o futuro do Museu da Indústria e que se corria o risco de, à semelhança de outros Museus do Porto (caso do Museu de Etnografia) se assistir ao encerramento “provisório-definitivo” de um Museu que procura preservar uma das imagens mais vincadas do Porto – a de “Cidade da Indústria” e de “Cidade do Trabalho”.

Por outro lado, na reunião de 22 de Setembro de 2009, a coligação PSD/CDS, confrontada pelo Vereador da CDU, assumiu que o valor da renda a pagar pelo novo espaço seria de 7.500€/mês. Para além deste valor demonstrar o mau negócio que constituiu para a Câmara Municipal do Porto a entrega do Palácio do Freixo ao grupo Pestana (recorde-se que esse grupo apenas paga 5.000€/mês de aluguer pelo palácio e pelo edifício das antigas Moagens Harmonia – valor que passa para 2.500€/mês a partir do 10º ano de contrato), coloca-se a questão da forma como esse pagamento vai ser feito, dado que, de acordo com o orçamento do Município para 2010, não se vislumbram transferências municipais para a Associação do Museu da Ciência e Indústria susceptíveis de suportarem esse custo.

A CDU lamenta que, mais uma vez, Rui Rio não cumpra os compromissos públicos que assumiu com a cidade do Porto e a sua população, o que demonstra, objectivamente, o desprezo a que sempre votou este importante projecto.

A CDU considera que as verbas provenientes da renda mensal pagas pelo grupo Pestana devem ser transferidas, na íntegra, para o Museu da Ciência e Indústria, possibilitando a reabertura a curto prazo do mesmo e a consolidação da sua actividade.

A CDU compromete-se a levar o assunto do Museu da Ciência e da Indústria às próximas reuniões da Câmara e da Assembleia Municipais.

Porto, 5 de Março de 2010

A CDU – Coligação Democrática Unitária / Cidade do Porto

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